Um mês e meio depois… 2/2

 (Continuação...)

Uma semana e meia se passou… mas não passaram os “acasos” que a tornaram tão rica de humanidade e cheia de oportunidades de experimentar as surpresas da vida que vêm ao nosso encontro. 

Depois de instalada, foi tempo de agradecer e despedir-me dos meus dois companheiros de aventuras das limpezas e mudanças de “malas e bagagens”, a Estrella e o sr. Luís, que voltaram a Pemba. Começou a fase de me familiarizar com as pessoas, a cidade, as estradas, os “locais estratégicos” (mercados, banco, praças, centros de saúde, padaria, comunidade católica da área de residência…). Cada dia uma aprendizagem! 

Dia 24 de Abril, recebi a visita da minha vizinha, Dra. Peg. Trazia uma mensagem encaminhada pela Heidi, enfermeira alemã que trabalha há muitos anos em Lichinga, e algumas fotos de um jovem de 25 anos. 

Como a Heidi tinha escutado que havia uma organização que ia trabalhar com doentes de lepra, queria que visse esse jovem suspeito de lepra. Pelas fotografias e historial que ela referia, havia razões para suspeitar. Liguei ao supervisor provincial e expliquei a situação. Falou com o colega supervisor distrital e, no dia seguinte, o jovem teria que ir ao centro de saúde da cidade para ser visto. De facto foi; fizeram a baciloscopia. Resultado: positivo! 

Felizmente foi diagnosticada para ter acesso ao tratamento! Infelizmente, um jovem a braços com a deformidade e uma doença negligenciada, conhecida como a doença que aparece no Antigo Testamento mas ainda hoje experimentada na carne de homens e mulheres em diferentes geografias…  

Jovem de 25 anos com a doença de lepra

Simultaneamente, decorriam os encontros, emails e telefonemas com a Direcção Provincial da Saúde para podermos concluir os protocolos e iniciar o que nos trouxe aqui: o programa de lepra. 

Este tempo de espera, por vezes pode parecer estéril. Gostaríamos de já estar no terreno, porém, a realidade convida a “pacientar” (como dizem), a aproveitar a oportunidade para preparar o momento que se segue. 

Com ânimo e expectativa, um mês e meio depois…

Rute Mesquita

Voluntária da APARF em Moçambique