Um mês e meio depois… 1/2

 Dia 6 de Abril, cheguei a Lichinga, capital da província do Niassa, acompanhada pela Estrella, coordenadora nacional do programa de lepra da APARF, em Moçambique, e companheira de missão, e pelo sr. Luís que veio apoiar nas mudanças e na viagem de regresso, dada a instabilidade na estrada provocada pelos insurgentes.

Recebidos como filhos por D. Atanásio (como nos chama), bispo do Niassa, estivemos uma semana no bispado enquanto procurámos, escolhemos e equipámos a casa, tivemos encontros com a equipa da pastoral da saúde ao nível da diocese, com o pessoal da Direcção Provincial da Saúde e particularmente com o supervisor provincial da lepra, com as irmãs Teresianas que atendem doentes de lepra recorrendo à medicina verde para aliviar o sofrimento provocado pelas feridas… 

Uma semana cheia de afazeres e recheada de “ pequenos presentes diários”: o presente de partilhar a missão com pessoas tão diferentes e tão familiares desde o primeiro instante; o presente de encontrar pessoas ávidas de trabalhar (e ganhar uns trocos) como os carpinteiros que nos fizeram as camas, mesas e cadeiras, os vendedores do mercado, os artesãos; o presente de um encontro casual com a Dra Peg, uma médica britânica que está neste país há cerca de 30 anos e gasta a sua vida com e pelos doentes, e que por fim, nos tornamos vizinhas; o “presente” de conhecer o mano Zito, um alfaiate com grande capacidade de trabalho, flexível e muita empatia, o “presente” do acolhimento das crianças vizinhas que nos vieram oferecer fósforos quando queríamos cozinhar e…faltavam os fósforos! (Continua...)

Rute Mesquita

Voluntária da APARF em Moçambique

Dra. Peg, enfermeira Heide e Rute