Pemba - Moçambique

Projecto “Conhecendo, acompanhando e ajudando os doentes de lepra a organizarem-se para sobreviverem com dignidade”


Antes de tudo gostaria de agradecer o grande apoio da APARF, para poder sair ao encontro destes nossos irmãos atingidos pela lepra, como sinal do grande Amor de Deus que como a Moisés também nos fala: “EU BEM VI... E OUVI O SEU CLAMOR... CONHEÇO NA VERDADE OS SEUS SOFRIMENTOS.... E AGORA VAI, TE ENVIO...” (EX 3,7).

Desde este apelo de Deus, desejo com toda a alma dar o melhor de mim enquanto tenha vida e saúde para que os já afetados vivam com dignidade e sintam que não estão sozinhos e os novos casos possam ser rapidamente identificados e recebam a medicação para não ficarem mutilados.

No dia 15 de Outubro viajei à Região Norte. Comecei pelo Distrito de Palma, distante de Pemba  414 km. Fui junto com o supervisor daquele distrito. Aqui somente encontrámos um caso novo; três ficam para continuar a vigiar e muitíssimas micoses.

No dia 19 muito cedo parti para o Distrito de Mocimboa da Praia (a 339 km de Pemba), que dista de Palma 79 km e nesse mesmo dia iniciámos o trabalho junto com o supervisor daquele distrito. Foi muito bom o encontro de cada aldeia com os doentes. Neste distrito encontrámos dois casos novos.
No dia 24 muito cedo parti para o Distrito de Mueda que dista 100 km de Mocimboa da Praia. Assim que cheguei com o supervisor daquele distrito começámos a trabalhar. Neste distrito não identificámos nenhum caso. Este supervisor trabalha muito bem e nota-se que visita as aldeias.

Parti muito cedo para o distrito de Nangade que dista 78 km desde a missão de Imbuo. Aqui junto com o supervisor visitámos as aldeias. Neste distrito há muito trabalho a fazer.  Encontrámos 7 casos novos.

Nesta primeira visita, somente pretendia ir conhecendo os doentes e ver a realidade em qual moram. Tratei de que eles falassem o que quisessem dizer: sua situação, seus problemas. 

Como missionária, tentei mostrar-lhes a grande preocupação da Igreja por cada um deles, e que Deus os ama muito, que não estão sozinhos. 

Recordei-lhes a grande importância do autocuidado, de que são os primeiros que têm de lutar contra esta doença descobrindo os novos casos para que possam tomar cedo a medicação. Em cada aldeia pedíamos ao AP que, por favor, fosse família por família de todos os afetados e observar a todos os familiares, pois estou percebendo que é muito estranho encontrar um só membro na mesma família afetado por esta doença.

Em todas as aldeias onde foi possível reunirmos aproveitei a ocasião para dar algumas dicas de remédios que eles podem fazer com ervas que estavam ao seu alcance: a grande riqueza da moringa, as sementes para desparasitar, folhas que cortam a diarreia, folhas para problemas de pele, usar o óleo da planta do rícino, que têm tanta, nas aldeias, para autocuidado.... A importância de que as mulheres grávidas visitassem o centro de saúde durante a gravidez ao menos três vezes. E tentar ter o parto na maternidade, pois depois de dias de luta para ter a criança com certeza que esta vai sair com problemas e um deles muito comum aqui é a parte de paralisia cerebral e ataques de epilepsia (mal da lua).

A todos os doentes ofertamos sabão realçando que a higiene é a primeira porta para uma boa saúde. Também lhes entregamos sumo.

Com a alegria de poder juntos acompanhar a estes amados de Deus, de lutar pela sua dignidade e erradicar esta doença pressionando aos agentes sanitários para dar os tratamentos aos novos casos que vamos encontrando.

Forte abraço e muito obrigada!


Estrella Arjomil
(Enfermeira, Voluntária ao serviço da APARF)



 

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