Senhor Presidente
Em primeiro lugar espero que se encontre de boa saúde na companhia da comunidade Aparfiana.
Fico muito grata pelo donativo da APARF para o meu projecto de alimentar as crianças que na sexta-feira passada atingiu o número de 200. Apareceram duas crianças pequenas. Uma delas foi trazida pela vizinha, uma vez que a mãe é epiléptica e incapaz de cuidar da criança. Eu e a Laura, a tal vizinha vamos cuidar dela. Eu forneço-lhe o leite e ela prepara e orienta a mãe para que a criança possa beneficiar da ajuda. A outra é uma criança de duas semanas. A mãe tem uma infecção nas mamas e não consegue amamentar.
Os recursos necessários para alimentar estas crianças são elevados. Todas as semanas levo para o hospital 50 quilos de farinha, 25 quilos de açúcar, 50 embalagens de 0,5 litro de óleo. Durante o mês consumo o equivalente a 75 quilos de leite completo em pó e 150 embalagens de Lactogen (1 e 2). Felizmente a maior parte das crianças estão a recuperar bem. Agora os pedidos já abrandaram um pouco. A maior parte das crianças de risco integradas no projecto foram admitidas no mês de Março e Abril. Agora como já há mais comida disponível porque as colheitas de amendoim, feijão e milho já se concluíram as famílias e crianças passam menos fome.
O número de crianças com HIV tem vindo a aumentar. A nossa acção centra-se no apoio ao desmame precoce como medida de prevenção da transmissão vertical da doença. Estimulamos as mães a desmamar aos seis meses e fornecemos-lhes a alimentação adequada para que as crianças não sofram quaisquer privações em termos de nutrientes adequados. Ajudamos ainda as que já ultrapassaram esta idade mas que necessitam de suplementação de alimentação e todas as que já estão em tratamento com antiretrovirais, pois de acordo com as orientações do Ministério da Saúde o apoio nutricional faz parte integrante do tratamento. É claro que isto só é possível, porque organizações generosas como a APARF, dão ajuda, pois o governo oferece pouco e de uma forma pouco sistematizada. Há crianças em tratamento noutros hospitais da cidade que vêm aqui ao Marrere em busca de alimentação porque tiveram informação de que existe ajuda. É óbvio que só quando organizam a transferência para esta consulta é que eu efectivo a ajuda, pois caso contrário seria só um sítio de distribuição e não uma consulta de aconselhamento, vigilância e apoio nutricional. Agradeço uma vez mais.
Cumprimentos da amiga
Eugénia Ferreira
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