Por um mundo sem lepra

Caros amigos da APARF,

Este ano tive um Dia Mundial dos Leprosos diferente. Decidi ficar alguns dias no Posto de saúde da missão para, não só ajudar no tratamento de todos os que dirigiram aquele Posto naqueles dias, como fazer pequenas recomendações a todos os que foram consultados distribuindo pequenos folhetos com imagens representativas da doença como a distribuição de barras de sabão por todos. Para terem uma pequena ideia apenas num só dia foram entregues mais de 40 barras de sabão.

Houve alguns bastante interessados em saber mais sobre a doença apesar de eu já por diversas vezes ter feito pequenas palestras. Ficaram todos com o compromisso de espalharem a palavra pelos seus vizinhos e amigos. A ideia do sabão, devo confessar, acho que foi óptima, pois aqui é caríssimo e muitos deles optam apenas por tomar banho só com água! Por isso era vê-los com sorrisos rasgados todas as vezes que eu lhes passava a barra de sabão para as mãos.

Penso que já é do conhecimento dos leitores da revista o caso do Alfredo. Não sei se recordam dele? De qualquer forma o Alfredo já completou o tratamento da lepra e de momento recebe apenas acompanhamento. Todos os meses ele recebe uma barra de sabão e alguns conselhos. Para o Dia Mundial resolvi oferecer-lhe uma coisa diferente: um par de meias e um par de ténis. Os dele estavam tão sujos e tão rotos que se viam os dedos dos pés. Ficou contentíssimo pois não fazia ideia que iria receber um presente!

Nos dias em que tive a oportunidade de acompanhar de mais perto todo o movimento do posto fiquei surpreendida pela quantidade de pessoas que o frequentava e dos quilómetros que a maioria percorria para ali chegar por não ter qualquer posto mais próximo. Alguns, só para terem uma ideia, percorreram qualquer coisa como 20 Kms a pé. Nesta altura do ano a doença que predomina é a malária. Eu, inclusive, não escapei ao dito mosquito. Mas o que mais preocupa são as crianças que ficam expostas a este tipo de doenças. Posso dizer-vos que desses 40 doentes que vieram ao posto naquele dia pelo menos 35 tinham problemas de malária em crianças com idade inferior a 2 anos! Fiquei ainda mais surpreendida quando vi uma mamã a entrar no posto com uma criança de apenas duas semanas de vida completamente a ferver de febre... foram receitados os medicamentos e agora é uma questão de esperar... É que para quem não sabe, a malária também mata!

Sandra Figueiredo
(Voluntária APARF)

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