MITANDE / MOÇAMBIQUE

O presente relatório foi elaborado no âmbito do projecto relativo a uma acção de voluntariado em execução em Mitande, província de Niassa [Moçambique] vocacionada para a prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação da pessoa afectada pela doença de lepra, atendendo, além disso, toda a pessoa vítima de exclusão social. Neste segundo relatório pretende-se descrever o trabalho desenvolvido ao longo do mês de Maio.

Trabalho desenvolvido com pessoas com doença de Lepra

No que se refere ao trabalho desenvolvido neste âmbito, comecei o mês por ter uma reunião com o responsável pelo Programa de Luta contra a Lepra e Tuberculose no distrito, Mahando, que reside e trabalha em Mandimba [a 45km de Mitande]. O facto de estar longe torna difícil que ele acompanhe de perto a minha actividade com os leprosos, a acrescentar a isso, não me foi dada autonomia suficiente para diagnosticar e iniciar o tratamento de lepra, pelo que ficou desta forma limitada a minha acção no que diz respeito ao diagnóstico e início de tratamento de casos novos. A acrescentar, há que referir que, de facto, as pessoas, nesta zona, pelo que observei até agora, facilmente recorrem ao Centro de Saúde quando surgem manchas, como forma de despiste de lepra. Neste âmbito, já excluí alguns casos de pessoas com manchas sem características de lepra no Centro de Saúde. 

Mantenho o tratamento de feridas das pessoas com lepra aqui da região próxima nas tardes de 2ª e 5ª feira. A aderência nem sempre é a pretendida, no entanto, lentamente, as feridas vão ficando melhores. 

Trabalho no Centro de Saúde

Mantenho o trabalho no Centro de Saúde, em particular na maternidade. Este mês ficou marcado pela semana da saúde materno-infantil, onde afluíram um grande número de mamãs, bem como foram mobilizados todos os trabalhadores e activistas de Mitande, ficando, assim, a coordenar a maternidade. Além disso, houve trocas de pessoal, tendo sido transferido para Mandimba o enfermeiro Jaime, que no mês passado me tinha acompanhado, apoiado e incentivado nas visitas às comunidades onde existem leprosos.

Durante o mês de Maio assisti 406 mulheres em consultas de vigilância pré-natal, 101 consultas pós-parto, 117 consultas de planeamento familiar e 11 de crianças de risco, geralmente crianças filhas de mães seropositivas, tendo realizado um total de 635 consultas, assistindo uma média de 32 pessoas por dia. Assisti também alguns partos.

Outros Assuntos

Num fim-de-semana foi necessário ir até Cuamba e, uma vez que sou a única que, aqui na Comunidade, estou habilitada para conduzir em Moçambique, lá fui. Felizmente a viagem correu bastante bem. Assisti a um encontro onde estavam concentradas várias congregações religiosas de missionários. Devo dizer-vos que fiquei muito feliz por perceber que vários são aqueles que me dizem “APARF, sim, conheço. Ajudaram-nos muito em situações que precisávamos mesmo”. Fica a partilha deste contentamento. 

Nota Conclusiva

É com pena que concluo este mês sem prestar o apoio que gostaria aos leprosos nas diferentes comunidades, contudo, foi um mês bastante preenchido para o pessoal da área da saúde, marcado por grandes exigências, pelo que não foi possível ter alguém disponível que me auxiliasse nas traduções. Ainda assim, foi um mês de muito trabalho e de grande enriquecimento a nível pessoal e profissional.


Fátima Santos
(Voluntária da APARF) 

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