Notícias do Gilé

Caros amigos

Há 10 meses que deixei a minha casa, família, amigos, o meu ambiente, etc, e parti numa grande aventura, com incertezas, receios, expectativas, rumo a Moçambique. Fiquei uns dias em Nampula, para legalizar a minha situação de permanência, durante um ano. No dia 20 de Julho, com a Irmã Helena, saímos de Nampula com destino à Comunidade das Irmãs de S. João Baptista, Gilé. Local que me estava destinado a permanecer, durante um ano.

Depois de 4 horas e 30 minutos de viagem por caminhos imagináveis, chegámos a meio da tarde à Comunidade. Fui calorosamente recebida pelas Irmãs Lurdes e Seema, ao som de batuques e danças tradicionais, que as meninas do Lar, muito amavelmente, prepararam e me presentearam com um cântico, em macua e em português, a desejarem-me as boas vindas e estadia. Fiquei encantada e emocionada com a recepção. À noite, depois de jantar, a surpresa ainda foi maior: Prepararam um programa, que durou mais ou menos uma hora. Actuaram 3 grupos, com danças, cânticos e batuques. Foi espectacular.

No fim, uma menina servindo de repórter, convidou-me para me levantar e aproximar-me dela. Fez-me algumas perguntas, às quais respondi e pediu-me que me apresentasse e dissesse a razão de estar cá. Apresentei-me e disse: A razão que me trouxe aqui, foi porque me senti inspirada a oferecer-me como voluntária, para África, durante um ano. Depois, tive conhecimento da APARF, telefonei ao Sr. Director e expus os meus desejos. O Sr. Director deu-me todo o apoio e explicou-me os objectivos e o regulamento da Associação. Aceitei e prometi que ia fazer o meu melhor! Por isso, estou aqui, graças à APARF, e ao Sr. Director, que tão atenciosamente me acolheram e me apoiaram. Obrigada! No fim, a menina agradeceu, desejou-me boa estadia e ofereceu-me uma capulana. Adaptei-me muito bem. O ambiente é óptimo. As Irmãs foram e continuam a ser muito carinhosas e incansáveis. As meninas tratam-me com muito carinho e respeito. Já estou a sentir saudades, de tudo isto e muito mais.

Desafio todos os que se sentirem inspirados e disponíveis, para oferecerem, um ano ou mais do seu tempo, como voluntários, a servirem esta Nobre Associação. Aqui, todo o trabalho, desde o mais básico ao mais específico, é bem vindo e necessário.

Não tenham medo! Todos os receios, dúvidas, incertezas, etc, que atormentam o nosso pensamento, depressa se dissipam. Ainda não me arrependi, nem por um instante de ter vindo em missão. Pelo contrário, dou graças a DEUS e à APARF por esta grande e única oportunidade. Acreditem: o que damos é muito pouco comparado com o que recebemos! Reconheço, que nem tudo são rosas! Mas faz parte da experiência e tudo nos enriquece.

Mudando de assunto:

- No dia 27 de Abril, fui com a Irmã Lourdes e o Técnico de Saúde a um encontro de leprosos. Compareceram, mais ou menos, 15 pessoas. Foram detectados os seguintes casos: Um multibacilar e cinco paucibacilar. A todos foi distribuída a respectiva medicação e feitos os devidos ensinamentos. Sete pacientes apresentavam manchas pouco esclarecedoras e foi-lhes dito que comparecessem em Julho. No dia 11 de Maio, também fomos a um encontro, mas as pessoas que apareceram não apresentavam sinais de lepra. É surpreendente e admirável como as pessoas aceitam o sofrimento e se resignam! Toca-nos muito.

Um abraço para todos

Maria Albertina Teixeira

(Voluntária da APARF)

Comentários