Sai ihali? (Novidades?)
Myo vacanni vacanni. (Vamos pouco a pouco)
Hoje é um dia especial para mim. A Angina Clemente, a primeira doente de lepra que diagnostiquei vai ter hoje alta.
Faz seis meses que diagnostiquei lepra à Angina, uma menina de 12 anos que conheci numa concentração na Escola de Murrupa.
As escolas são avisadas da nossa visita. Normalmente, com um mês de antecedência, é pedido aos professores que seleccionem todas as crianças com manchas.
Quando chegámos à escola, como habitual, já tínhamos os miúdos seleccionados. Era só descobri-los no meio da multidão.
Quando os agrupámos, destacava-se a Angina uma menina bonita aparentemente sem problemas, a julgar pelos outros miúdos esfarrapados que se mostravam mais preocupados. Tinham doenças que os incomodavam. A maioria tinha sarna já em estado crónico, cobrindo grande parte do corpo.
Fizemos duas filas para facilitar o nosso trabalho. Uma das filas ficou a cargo do Supervisor Raja; a outra, os miúdos foram observados por mim e a Angina ficou no meu grupo. Tinha uma mancha nas costas com perda de sensibilidade que não lhe causava dor, não a incomodava e ela não teria a iniciativa de ir ao hospital.
Foi o único doente a ser diagnosticado neste dia. Ela e todos os miúdos seleccionados receberam uma aula de cuidados de higiene e de lepra.
A Angina hoje vai para casa sem nunca ter faltado. Leva a última carteira do tratamento e a formação necessária para que, se os sintomas reaparecerem, ser ela a ter a iniciativa em se apresentar ao activista ou no hospital.
Ricardo Leonardo
Voluntário da APARF
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