Conhecendo e aprendendo

Como já tinha referido algumas vezes, durante o mês de Abril frequentei o curso de inculturação no Anchilo. Para além de ter uma hora diária de língua macua, estes foram alguns dos temas apresentados durante o curso: História de Moçambique; Panorama Socio - Político - Económico de Moçambique; Mulher e tradição; Iniciação à cultura macua; Família tradição e modernidade etc...

Durante o decorrer do curso fui pesquisando e até mesmo comprando alguns livros que acho necessários para que um voluntário fique a saber minimamente que “território” pisa e que dificuldades poderá encontrar. Este povo é muito diferente do nosso e por vezes poderão existir conflitos por falta de entendimento da nossa parte dos ritos, crenças e tradições demasiado diferentes e complexas das nossas. Não gostaria, pois que os voluntários viessem sem ter uma noção mínima das coisas. Já que nem todos tiveram ou terão a oportunidade de tirar este curso que eu frequentei.

Deste modo espero conseguir documentação suficiente para que a Associação possa dar aos seus voluntários algumas bases e recursos de pesquisa para quem estiver interessado em saber mais sobre o povo e país para onde irá exercer o seu voluntariado.

Durante estes últimos meses tenho estado mais atenta ao levantamento dos doentes que tiveram alta. Refiro-me, claro, àqueles que iniciaram o tratamento com a minha chegada. Neste momento, dos quase 300 doentes que encontrei inicialmente, existem 122 doentes ainda em tratamento, estando a maioria a finalizá-lo entre este mês e o próximo. Mesmo sabendo que é um número bastante alto sinto-me satisfeita por poder acompanhá-los até ao fim e por saber que já foram reduzidos a menos de metade. Espero que até ao mês de Outubro todos ou a maioria destes 122, que iniciaram o tratamento comigo, fiquem totalmente curados. Se isso acontecer regressarei a Portugal bastante satisfeita.

Tenho assistido a uma grande evolução nestes últimos tempos, um grande interesse e uma grande preocupação por parte da população. Quando eu não me desloco às comunidades existem sempre aqueles que percorrem quilómetros preocupados em me mostrarem uma ou outra pequena mancha que encontraram no seu corpo. Acho que tem valido a pena, por muito pouco trabalho que tenha concretizado, alguma coisa ficou. E por isso tenho tido grandes alegrias em saber que a maioria já finalizou ou que está a finalizar o seu tratamento.

Junto com esta carta envio também a apresentação de contas com algumas fotos, que penso que não serão repetidas.

Mais uma vez espero que estejam todos bem na associação.
Até breve.
Sandra Figueiredo
Voluntária da APARF em Moçambique

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