Gilé - Moçambique

Caros Amigos,

Desejo que todos gozem de óptima saúde e bem estar. Eu estou bem, graças a Deus e o tempo refrescou um bocadinho.

Vou falar, um pouco, da minha actividade, aqui na Comunidade:

- O meu dia a dia é, praticamente, passado na Comunidade e ir à Igreja. Estou com as meninas nos estudos, ensino português, costura, a bordar e outras necessidades básicas. Dentro das minhas limitações, claro. Também ajudo as Irmãs no que é preciso.

No princípio, foi um pouco frustrante e até deprimente, pois, os meus objectivos eram outros e eu gostava de estar mais activa. No entanto reconheço que a situação na Comunidade era bastante complicada, devido ao reduzido nº de Irmãs “2”, sendo uma professora e ao muito trabalho a fazer. Agora, aceito com naturalidade, com espírito de missão e como seja outro tipo de lepra. De facto, há lepras que estão de tal modo enraizadas nos seus costumes, mentalidades, rituais, crendices, etc, que são mais difíceis de curar que a própria lepra.

Gosto muito das meninas! Quase todas me tratam por “mãe” e outras por “irmã”. É muito gratificante, embora não mereça, ouvir palavras como: Vemos em si a nossa própria Mãe! Obrigada por tudo o que nos ensina e faz por nós.

Fui várias vezes com os Padres e Irmã Lourdes, às Comunidades, no mato. No 1º momento parecem todas iguais mas há sempre algo de diferente e enriquecedor a descobrir em cada uma. Estive, com a Irmã Lourdes e o Técnico de Saúde, num encontro de doentes leprosos. Compareceram 6 a saber:

- Uma mulher tinha terminado o tratamento e estava curada;
- Mãe e filho apresentavam manchas minúsculas e não foi possível diagnosticar. Por isso, aconselhou-se a comparecerem após dois meses;
- Um homem com manchas, numa fase inicial. Foi medicado de acordo com o tipo de lepra.
- Um doente numa fase bastante adiantada. Com nódulos, lesões na pele, dores na palpação dos nervos, alguma insensibilidade nos toques, fraqueza muscular e outros. Foi medicado de acordo com a situação.
- Outro apresentava lesões oculares, não esclarecedoras. Veio ao Hospital, para fazer análises e outros exames a fim de esclarecer o tipo de lepra.

A todos foram feitos os devidos e exigidos ensinamentos.

Creio, que já deu para ver, o que aqui faço. De qualquer modo, tem sido uma experiência enriquecedora, inesquecível e inexplicável.

Quando regressar, parte de mim, vai cá ficar! Mas, levo muito mais do que deixo!...

Jamais esquecerei o sorriso atraente, o brilho esplendoroso dos olhos, a ânsia de querer cumprimentar, tocar, dizer adeus “tátá” destas crianças que nada têm e tanto dão.

Por tudo isto e muito mais, agradeço à APARF esta grande oportunidade que me deu, de eu poder viver, sentir e tocar a cultura deste povo. Muito obrigada.

Despeço-me com um abraço de gratidão e admiração.

Maria Albertina Teixeira
Voluntária no Gilé – Moçambique

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