NAMAÍTA - MOÇAMBIQUE

Olá amigos e família

Venho dar-vos grandes notícias… já choveu… mas foi apenas 2 dias na cidade de Nampula. Nos arredores apenas 1 dia em alguns locais. Mas muita gente já correu para os campos para semear o amendoim, milho, … tão imprescindíveis e base da alimentação do povo. Agora é esperar que germine e rezar para a chuva começar outra vez mas faseada para que não estrague definitivamente o que já se semeou… vamos aguardar confiantes!

Eu estou bem e o trabalho também. Entre novos doentes diagnosticados já vamos no número 42 em 2008. Mantêm-se as reavaliações sensitivas e motoras aos doentes, de modo a prevenir o aparecimento de reacções de lepra, principal causa de desenvolvimento de úlceras, deformidades e mutilações. Este mês, a APARF está a terminar a distribuição de  t-shirts e bonés com a frase em makhua “Nrowe Nimalihe Makokho”: “Vamos Acabar com a Lepra”. Os doentes agradecem o gesto pois sempre é um bem essencial que lhes faz falta e ao mesmo tempo é uma forma de união do grupo, união pela mesma causa, de trabalho conjunto para o mesmo fim: a luta e erradicação desta terrível doença entre este povo. Já alguns aparecem com elas vestidas logo na concentração seguinte. Chamo-lhe a equipa dos “verdinhos da APARF” mas eles ficam tão bonitos e gostam de andar assim “equipados”... deixo-vos 1 foto para que possam ver! Todos sorriem muito quando lhes oferecemos os bonés: mesmo as mamãs…usam-no sempre mesmo com o seu lenço, típico entre as mulheres africanas, que fica por baixo...

Depois do trabalho com os doentes antigos na Namaíta, Amina e restantes companheiros de doença, houve a oportunidade de subir a uma das montanhas que imponentemente se erguem e dão abrigo nas encostas à localidade da Namaíta, que tanto estimo e gosto de visitar nas actividades com os doentes. A maioria dos leprosos está nesta área, por isso ela é muito querida para mim e tenho muito gosto em vir trabalhar para esta zona. Bem, lá subi à montanha, vizinha das duas Phalalani, e a vista era simplesmente fantástica. A subida não foi fácil pois era um pouco inclinada mas tinha chovido no dia anterior e a terra estava macia, facilitando a escalada de uma mukunya, o voluntário Carlitos Hilário e a sua família, a esposa Carlota e três dos seus filhos: o Tino, a Sandra e o Daudino. Deu para observar a localidade, a aldeia da Namaíta e a sua extensão, as pessoas que estavam a capinar e a iniciar a sementeira, a represa, onde o Nito toma banho dado pela mukunya Vanda, a montanha de Nhopera, onde viveu a Ir. Maria Rita Valente-Perfeito... O panorama era lindo. Apetecia ficar apenas ali sentada a contemplar todas as maravilhosas vistas. Depois da descida, acabámos por encontrar uma mamã que estava a “apanhar” muché, uma espécie de formigas, que se comem. Pois eu nem sabia que já havia um pequeno prato delas à minha espera fritas, como aperitivo para o nosso almoço. Como uma boa visitante e curiosa, lá experimentei o tal muché…e… come-se!!! Parecia que se estava a comer amendoim ou tremoços antes da refeição… em tempos de carência, antes das sementeiras estarem prontas e de haver outra vez comida, tudo vale, desde que o estômago fique enganado e se tenha força para ir novamente capinar e semear no próximo dia… para mais tarde encher a barriga com os produtos da machamba…

Beijinhos e estaremos unidos em oração.
Vanda (Voluntária da APARF)

Comentários