Sai lhali? Salàma! De Murrupula

Sai lhali? Salàma! Estou a realizar um novo programa. Nas últimas semanas tenho visitado os doentes de lepra mais carenciados em suas casas; aqueles a quem a lepra deixou marcas bem visíveis. Para isso, tenho contado com ajuda do activista da respectiva zona. Juntos, visitamos esses doentes. Como aconteceu no dia 17 de Maio em que visitei o Hilário António. Tem 7 filhos e é muito bem disposto. Ficou contente com a minha visita. Foi uma oportunidade para estar mais perto dele e ouvir as suas histórias. Ofereci-lhe pneus para a sua cadeira de rodas, sabão e pomada para as úlceras.

Os doentes, como o Hilário, raramente aparecem nas concentrações, devido às suas limitações físicas. São doentes que já terminaram o tratamento mas que ficaram com sequelas graves. Nas concentrações é impossível um contacto tão próximo com estes doentes. Daí a importância de os visitarmos na própria casa.

Os novos casos que diagnosticámos não necessitam deste acompanhamento. Os novos doentes apenas apresentam manchas. Raramente aparecem doentes com deformidades; mas isso não quer dizer que podemos parar porque diariamente surgem novos casos. É um incentivo para continuarmos; é o resultado do bom trabalho dos voluntários que vim substituir. É gratificante saber que estes novos doentes não vão passar pelas dificuldades do Hilário.

A sarna é uma das doenças dermatológicas que predominam neste distrito em que trabalho, principalmente nas zonas mais isoladas como Nachaca que visitei no dia 16 de Maio. Aqui, a sarna é uma epidemia devida, principalmente, à falta de água e de cuidados de higiene. Eu já ia prevenido. Tinha sido alertado pelo Rajá porque ele visitava esta zona com o Paulo. Preparei uma pomada com a ajuda dos meninos da missão. 

Foram eles que me transmitiram os ingredientes e ainda me ajudaram na preparação porque ainda têm bem presente o tempo em que a preparavam com o Paulo.

No próximo mês agendamos uma visita à escola e pensamos assim obter melhores resultados. Começamos pelos mais novos para lhes incutir hábitos de higiene. Tenho constatado que basta dizer-lhes coisas muito simples como: não basta pôr o medicamento, é preciso lavar a roupa e secar bem ao sol porque o bicho da sarna também está na roupa, para que as coisas comecem logo a melhorar.


Ricardo Leonardo
(Voluntário da APARF)

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