Tão importante como o tratamento físico
é o tratamento humano, e também aí tudo corre bem. Circulo pela aldeia de casa
em casa e… sinto-me “em casa”. Recebem-me sempre com muita alegria, e alguns já
respondem em português (“Bom dia, como está?”) à minha saudação em macua. Expansiva
como sou, logo que me afeiçoo às pessoas manifesto o meu carinho através de
beijinhos, abraços e carícias. Aqui as gentes não são nada dadas a esse tipo de
manifestações – a linguagem corporal das emoções é expressa no canto e na
dança. Então é “lindo” ver as tentativas para aprenderem a dar beijinhos. Juntam
os lábios em forma de bico que abrem e fecham sem som, como as aves pequeninas…
Agarram-me as mãos, encostam-se a mim e ficam muito quietinhos enquanto os
acarinho – lembram os gatinhos pequenos na hora do mimo… Em muitos momentos de
grande ternura digo-lhes tudo o que de mais bonito me ocorre em português –
eles não entendem, mas a linguagem do amor não precisa de tradução, não é
mesmo? (...)
Ana Maria (Voluntária da APARF ao serviço dos Leprosos)
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